segunda-feira, outubro 18, 2004

Caetanesca

Ninguém posta mais nessa porra, não? Segue um pouco de cultura procês, o texto mais recente da Luciana Toffolo que vc pode ver no Omelete, vou mandar um e-mail pra ela elogiando, ela manda vê! ah, meninas que frequentam o blog, se ainda suportam fazer isso, mirem-se nela, a garota é um exemplo a ser seguido! Cidade Poison on the rocks Por Luciana Toffolo 11/10/2004 Já começo avisando que estou com tudo. Por conta de uma promessa não cumprida me obrigaram a ouvir "Morango do Nordeste", de Lairton dos Teclados, e "Florentina", do Tiririca, três vezes na seqüência. Não, não esqueci da morte de Johnny Ramone. E acho tudo isso muito, mas muito irritante. Incomensuravelmente irritante. O mundo está ficando sem graça a cada dia que passa e não vislumbro muita luz no fim do túnel, não. Por favor, mantenhamos a elegância, ok? Nem pense em cogitar TPM. Essa é só mais uma invenção machista para o mau humor, que pode ser feminino ou masculino, independente de progesteronas, testosteronas, enzimas, lipídios ou hormônios. E já que mencionamos siglas, você conhece a TMMTV? Duas pistas. Primeira: teve uma premiação semana passada. Segunda: apresenta tudo menos música na televisão. Pensou MTV? Ponto para você. Ela mesma, a Tudo Menos Música Television. Quando a MTV aportou no país, uma legião de jovens brasileiros parou para assistir. Estávamos sedentos, ouvíamos falar de um canal de televisão que só tratava de música. O que mais poderíamos querer? Era genial. Clipes de Faith No More, Guns n´Roses, depois Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam, o primeiro do Metallica, espalhados em uma programação que também informava, trazia entrevistas e VJs que anunciavam clipes com muito conhecimento de causa. Não tinha essa de ser apenas um rostinho bonito, de gente que mal sabe pronunciar Queensryche, de VJ estrela. Cá para nós, o que diabos faz um VJ sentir-se um astro? Conta para mim, porque eu não entendo. Eles são apresentadores (quando muito) e ponto final. Bem diferente dos primórdios da MTV brasileira, quando havia jovens bem informados, com experiência, e que não estavam ali por acaso. Eles relatavam a história da música sempre que podiam e nem por isso eram jovens estrelados. E era justamente por isso que a gente se identificava. Aí entra minha preocupação. Hoje, o que vemos é o inverso. Carinhas bonitas, estilos pré-fabricados, o VJ rapper, a VJ sexy, o VJ rocker, a VJ modelo, todos com grande potencial para virar capa de Caras. O que é o programa "VJs em ação"? Por que eu vou querer saber o que o Léo tem a dizer? O Rafa, a Sarah, a Cicarelli!?!?!? Ainda se fosse uma Astrid da vida, Maria Paula, Zeca Camargo, Gastão, Fábio Massari... Eu me pergunto: mudou a MTV ou mudou o público? É isso o que o adolescente de hoje quer ver? Diga que não, por favor. Se for preciso, minta. Pois então está muito bem, vou parar de questionar as Avrils, os Felipes Dylon, as Amy Lees, as Wanessas, os Ushers da vida. Se é com isso que o jovem se identifica, beleza, eu desisto. Mas nada me tira da cabeça que um canal que tem M de música no nome deveria priorizar a dita. Contabilizemos: de uns 20 programas, 2 tratam de música. Não estou brincando. Temos desde um cartoon com (olha lá eles de novo) VJs transformados em super-heróis, passando por uma bobagem como "Meninas Veneno", que trata da pobre coitada da vítima da sociedade, mais conhecida como mulher (o programa só ajuda a piorar a nossa situação. Valeu, MTV!). E não nos esqueçamos de "Dance o Clipe" e algo qualquer nota como "Missão MTV", que segue os moldes dos programas do momento, aqueles que modificam a cara do infeliz que quer ficar parecido com uma celebridade. A MTV de hoje fala de tudo, menos de música. É para ter saudades ou não? "Clássico MTV", "Lado B", "Drops", eu sinto muito por terem ido embora. Ok. Optou-se por popularizar a programação e misturar System of a Down com Zezé de Camargo e Luciano. Com as modificações, a emissora deve ter conseguido sair do traço de audiência para o zero ponto um. Então, se é para seguir sendo um canal dirigido a um público específico, por que não tratá-lo com mais respeito? Se a intenção é continuar dando traço, por que a salada? Porque, de repente, a MTV brasileira virou referência, lançadora de “artistas”, VJs indo para grandes emissoras, figurinhas carimbadas em São Paulo Fashion Week, VJs até se casando com fenômenos! Grande estratégia. Se dá retorno financeiro? Creio que não mudou grandes coisas. Se dá status? Opa! Junto a um público imbecilizado, dá muito status. E afinal as coisas giram em torno disso hoje, dane-se a música, né? Por que um canal jovem vai se preocupar em dar algum tipo de cultura ao público jovem? Que idéia mais imprópria a minha! Mas aí submergem uns detalhes, coisa boba, guardados lá no arquivo morto da MTV, que respondem pelos nomes de profissionalismo e talento. E ele dá as caras quando a imagem dá lugar ao "quem sabe faz ao vivo", em qualquer lugar, a qualquer hora. A MTV tem uma única grande festa por ano e, infelizmente para eles, não é gravada. O "Video Music Brasil" (VMB) é a comprovação da farsa total que é o canal, ou na farsa em que se transformou. E nessa única chance que a MTV tem para mostrar algum profissionalismo, eis que tudo descamba para a produção de fundo de quintal, fazendo até com que um grande ator como Selton Mello se perca em meio a tanto amadorismo. Premiação entremeada por jams previsíveis, piadas sem graça, atrações internacionais (oooohhhh, atrações internacionais!!!) como os caídos David Byrne e Alex Band (ex-The Calling) e, finalmente, vencedores fabricados em casa. Ou vai dizer que você nunca sentiu uma parcialidade no estouro de Pitty e Marcelo D2? Não, não vou questionar o talento visível de ambos, mas que houve uma forçada de barra do canal para que eles “acontecessem”, isso é inegável. Pelo menos dessa vez não erraram na escolha. Mas se bem que eu duvido que qualquer um que esteja lendo essa coluna já não esteja empapuçado de ouvir falar da “roqueira baiana” Pitty e “do músico que mistura rap e samba” D2 (chavões recém integrados no jornalismo musical do país). E, claro, o ícone Caetano Veloso. O reverenciado, o exilado, o poeta, o tudo de bom. Caê é vítima (oh, dó!) da má produção de tudo aquilo e se descontrola. O mito perde o rebolado e dá um faniquito sem precedentes. Que amor de pessoa! Um gênio! “MTV, bota essa porra pra funcionar!”. Só faltou ele dizer “Você sabe com quem está falando!? Sou eu, porra, o grande Caetano Veloso”. Isso que dá viver no passado, dando crédito a quem já ficou lá atrás faz tempo. Acabo me perguntando se o chilique seria o mesmo se David Byrne não estivesse ao seu lado. Pra mim, Caetano tava era com vergonha do gringo. Nada a ver com querer tocar bem uma música, nada a ver com elegância e desenvoltura. E a MTV tentou uma, tentou duas, na terceira conseguiu. Espetacular. Melhor impossível! Fechando a festa, mas não a coluna, largo na tua mão a pergunta: se a festa é para premiar artistas nacionais, por que terminar com uma cover de "Rock n´Roll All Nite", do Kiss? Mera curiosidade minha, coisa boba. Faço das palavras de Caê Odara as minhas: TMMTV, “bota essa porra pra funcionar!”. E não estou falando só do som.

Um comentário:

  1. Anônimo7:53 PM

    OI!!!!
    É bem verdade que nunca mais entrei no blog de vcs, mas aqui estou... gostei muito do comentário!

    Beijos Fal!

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