quarta-feira, janeiro 05, 2005
Sai de cena um cara legal!
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Game Over Riverside
Essa não tem nada haver com música, mas significa muito para mim!
Cidade
Will Eisner, pioneiro dos quadrinhos, morre aos 87 anos
The New York Times
14:06 05/01
Sarah Boxer
Will Eisner, um inovador artista dos quadrinhos que criou o “Spirit”, um herói sem superpoderes, e o primeiro romance gráfico moderno, “A Contract With God”, morreu na segunda-feira em Fort Lauderdale, Flórida, onde vivia. Ele tinha 87 anos.
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Sua morte ocorreu depois de uma cirurgia para quatro pontes de safena, afirmou Denis Kitchen, seu amigo e editor.
Os fãs dos gibis chamam o “Spirit” de “Cidadão Kane” dos quadrinhos por sua inovação, seriedade e influência. O primeiro fascículo saiu em junho de 1940 como parte de uma seção para revistas em quadrinhos sindicalizadas que ele começou a produzir no ano anterior como um encarte dos jornais de domingo. Ele trazia um detetive, Denny Colt, que foi morto na terceira página. Ou parecia ter sido.
Acontece que Colt não foi exatamente morto. Ele renasceu como um homem em um terno azul, máscara azul e luvas azuis: o Spirit. Como Bob Andelman, o autor da biografia “Will Eisner: A Spirited Life” descreve o herói dos quadrinhos, ele era “o protetor saído do cemitério do público e das garotas bonitas em particular”. O que fez dele único era sua falta de superpoderes. Ele não conseguia ver através da roupa, não podia voar, e nem sequer era brilhante.
Wildwood, um Web site dedicado ao “Spirit”, descreve o herói como um homem “sem efeitos ou poderes” além de “sua libertação da sociedade”, e nota que o próprio Eisner chamou Spirit de um “combatente do crime que vinha da classe média”.
Mesmo em um mundo obcecado com os tipos como Superman, a falta de poderes de Spirit não era obstáculo para o sucesso. De acordo com o DC Comics, em seu auge o Spirit circulava em 20 jornais, chegando a 5 milhões de leitores todo domingo.
Em 1942, quando Eisner foi convocado pelo Exército e começou a desenhar quadrinhos para os militares, outros artistas e escritores sustentaram o gibi até que ele retornasse. No fim de 1945, Eisner voltou para o “Spirit” e, com a ajuda de uma série de artistas, incluindo Klaus Nordling e Jules Feiffer, não somente o retomou, mas o aprofundou também. O “Spirit” teve sua última edição em 1952.
Eisner, que nasceu em Nova York em 6 de março de 1917, publicou seu primeiro gibi em 1936 em uma revista chamada “Woe, What a Magazine!”. Lá ele conheceu Jerry Iger e juntos criaram uma empresa de quadrinhos, Eisner & Iger, que empregava, entre outros artistas, Bob Kane, o criador do Batman, e Jack Kirby, um dos criadores do Fantastic Four. Eisner também teve má sorte ao recusar um gibi chamado “Superman” de Jerry Siegel e Joe Shuster.
Com o término de “Spirit”, Eisner passou muito de seu tempo nos próximos 25 anos à testa da American Visual Corporation , uma corporação de quadrinhos educacionais e governamentais. Essa parte de sua carreira geralmente recebe pouca atenção, mas Kitchen, cuja Kitchen Sink Press reimprimiu todos os gibis “Spirit” do pós-guerra de 1973 a 1998, afirmou que os quadrinhos institucionais de Eisner feitos para o Exército dos Estados Unidos durante a II Guerra Mundial, a Guerra da Coréia e a Guerra do Vietnã eram algumas de suas maiores inovações.
Os manuais militares costumavam ser “feios e secos”, afirmou Kitchen. Eisner mudou tudo isso. “Ele usava palavras e figuras juntas para mostrar aos soldados como fazer tudo desde recolocar suas vidas nos trilhos depois da guerra a limpar seus tanques”.
Nos anos 70, Eisner renasceu como um artista de quadrinhos. Em 1978, ele escreveu e desenhou “A Contract With God”, uma história sobre Frimme Hersh, um imigrante judeu que se tornou um explorador no Bronx quando descobre que Deus o havia abandonado. Com esse livro, Eisner ficou famoso por sua chuva deprimente que veio a ser chamada de “Eisner spritz”. Seu trabalho durante os anos também ficou conhecido por close-ups emocionais e sem diálogos do rosto dos personagens.
Esse livro também pavimentou o caminho para outros romancistas gráficos. N. C. Christopher Couch, um dos autores de “The Will Eisner Companion” (DC Comics, 2004), notou que “Eisner cunhou independentemente o termo romance gráfico em 1978”. E para enfatizar que “A Contract With God” era um romance e não um gibi, ele insistia em um editor comercial para ele.
Sua seriedade ajudou a chamar atenção para trabalhos como “Maus”, de Art Spiegelman, e “Persepolis”, de Marjane Satrapi. Como colocou Couch: “Ele desenhava sobre tudo, de Theodore Dreiser a Talmud. Ele trouxe o naturalismo americano para os gibis. E continuou publicando esses livros até todos acordarem e dizerem , ‘Uau, isso é livro! Isso é uma forma de arte! Nós devemos levar isso a sério!’”.
Art Spiegelman chamou Eisner de “um gigante, um pioneiro, um dínamo”.
Em uma entrevista no www.powellsbooks.com, Michael Chabon notou que Joe, um dos heróis de seu romance “The Amazing Adventures of Kavalier & Clay”, compartilha algumas das características de Eisner. “Desde o começo ele via o gibi como arte. Ele não tinha qualquer remorso por isso. Ele não era apologético. Não tinha aquele ‘ah, desculpa, eu desenhava quadrinhos como quase todo outro artista do meu tempo”.
Eisner escreveu dois livros sobre comic art, “Comic and Sequential Art” (1985) e “Graphic Storytelling” (1996). Recentemente, a Dark Horse Press publicou “Last Day in Vietnam” de Eisner, uma coleção das histórias de batalha que escreveu na Coréia e no Vietnã. Em 2000, a DC Comics começou a publicar “The Spirit Archives”, uma edição em múltiplos volumes de toda a série de gibis. E nesta primavera, a W. W. Norton lançará o último trabalho de Eisner, uma história gráfica intitulada “The Plot: The Secret Story of The Protocols of the Elders of Zion”.
Eisner deixou sua esposa, Ann, e seu filho, John. Ele será enterrado ao lado de sua filha, Alice, que morreu em 1969.
Um marco da influência de Eisner é que um dos prêmios de maior prestígio no mercado de gibis, o Eisner, recebeu seu nome e era apresentado por ele. O biógrafo de Eisner, Andelman, notou que quando Eisner entregou o prêmio para a melhor história em série de 2002, um dos vencedores, o escritor J. Michael Straczynski, “agitou o prêmio no ar e observou: ‘Você sabe, você recebe o Emmy, você não recebe do Emmy. Você ganha o Oscar, você não o ganha do Oscar. Que legal que é isso!”.
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